Corpus

Corpo de partes

Que reparte

A face em boca

De lábios umedecidos.

Decido se vou ou fico

Nas dobras e nas pregas,

Nos lisos e constritos,

Nem isso e nem aquilo.

Sua língua fala pelo tato,

No gosto do emaranhado

Que habita o gole em engasgo,

Fissura intransponível de ralo.

Quase um outro que se articula,

Virando e revirando por lutas,

Parasitando como ventosa sanguessuga,

Delírio desse si que forma uma figura nua.

Amplexo de vísceras serpenteadas,

Pelas danças da anima violada,

Ritualizando os gestos indigestos

Que o protesto do insurreto

Faz da vida escapada, uma foda, uma trepada.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 20/09/2020
Código do texto: T7067883
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