Corpus
Corpo de partes
Que reparte
A face em boca
De lábios umedecidos.
Decido se vou ou fico
Nas dobras e nas pregas,
Nos lisos e constritos,
Nem isso e nem aquilo.
Sua língua fala pelo tato,
No gosto do emaranhado
Que habita o gole em engasgo,
Fissura intransponível de ralo.
Quase um outro que se articula,
Virando e revirando por lutas,
Parasitando como ventosa sanguessuga,
Delírio desse si que forma uma figura nua.
Amplexo de vísceras serpenteadas,
Pelas danças da anima violada,
Ritualizando os gestos indigestos
Que o protesto do insurreto
Faz da vida escapada, uma foda, uma trepada.