Poema – O Grito da solidão

Poema – O Grito da solidão

‘’O som do nada

É o grito dos mortos

Ao serem atormentados pela vida’’

Não amo a solidão

Como uma benção dos Deuses

Tampouco a odeio

Como uma maldição rogada por Diabos

Compreendo-a como a dor de mulheres grávidas

Que tiveram suas crias arrancadas por

Facas finas a sangue frio

Enquanto gritavam enlouquecidamente

Para serem deixadas em paz

Destes gritos de dor e agonia

Nasceu a solidão

Banhada em Desespero e angustias

Rasgando o ventre das almas cansadas;

Não lembram de como choraram

No dia em que chegaram a esta prisão?

Como podem rir e rezar?

Como podem esquecer que toda a dor,

Todo o sofrimento e toda a angustia do mundo

Só és, o que és, porque nasceste para senti-la

Ah (...)

Os gritos da solidão

Atormentam até mesmo as estrelas

Que já se apagaram

E me enlouquecem todas as noites

Enquanto bato com a minha cabeça contra a parede

Até que o barulho do crânio se rompendo

Soe mais alto do que estes murmúrios do inferno

Lunático

Com o sangue escorrendo pelos meus olhos

Sou afrontado por uma crise de risos

Deitado no chão se contorcendo como o Diabo

No corpo de Freiras que masturbam-se com o crucifixo

Grito mais alto do que mil tambores

Mas as vozes nunca se calam!

- Calem-se!

- Calem-se!

(Grito incansavelmente com todo o ar dos meus pulmões)

Com os próprios punhos

Quebro todos os móveis do quarto

Pedaços de vidro se espalham pelo corredor

Destes corredores da vida

Do qual muitas vezes me vi enforcado

Enquanto me socorriam de uma overdose mental

Rasgo os meus braços

Formando cicatrizes

Que nunca vão se realizar

A solidão continua gritando

E gritando! E Gritando!

Abraço as minhas pernas

Recluso em um canto escuro

Sangrando e tremendo

Cantarolando em voz alta

Musicas que me fazem lembrar você

Doente como um escravo

Que grita de fome

Enquanto se alimenta das próprias fezes

O meu corpo treme com o frio

E o sangue na minha roupa é o único abraço

Que eu vou sentir

Os meus olhos turvos enxergam as estrelas

E o meu pulmão cansado de tanto gritar

Respira tranquilamente

A solidão cansou de gritar

Agora escuto os mortos

A cantarolarem em seu lugar...

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 15/07/2020
Código do texto: T7007125
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