Goétia & Poética
Goétia & Poética
‘’Nos murmúrios dos nossos quartos
sobre o véu que cobrias o insaciável gosto da morte
acordardes de uma embriaguez evanescente o próprio Diabo
Na cólera da epiderme suicida
Como Moisés pregado em um carvalho
Sussurrou em meus ouvidos surdos
- A corda sempre há de entender o poeta
Nessas noites sem fim em que nos foge a sanidade’’
Amo a pálida beleza das nuvens
Que dão às trevas um mar de euforias
Meus olhos cansados
Que a muito tempo perderam
Sua conexão com as estrelas
Encaram o vazio do nada
Como ratos presos em ratoeiras
Ao esbugalhar-se em seus últimos momentos de vida
Amo o azul dos céus
Que dão ao inferno noites de insônia
A depressão que rasga a carne
Mas mantem a essência da vida
Transforma almas vazias
Em criaturas trancafiadas em quartos escuros
Apodrecendo em seu próprio inferno
Gritando sem que ninguém possa escuta-los
''Encontrarás o seu próprio filho
Com os pés balançando as alturas
O lençol cheio de lágrimas e sangue
Ao enforcar-se na leveza da noite''
Amo as cartas de amor
Que dão ao inferno rios de sangue
Um cupido em meu coração penetrastes
amo-te como amo as estrelas
belas e distantes
Intocáveis para os homens
Morta para os Deuses
Infame aos Poetas
Deem aos meus filhos
As minhas piores Poesias
Para que nestes traços de loucura
Encontrem motivos para não serem como eu fui
- Malditos sejam!
Aqueles que ousam me amar
Para conhecer o amor
É preciso ter coragem de rasgar
O próprio peito com as unhas!
Supliquei a Afrodite a sua beleza
Supliquei ao Diabo sua insanidade
Supliquei a cristo um pouco da sua covardia
Me entregaram almas vazias
Suicídio e apatia
Amo o barulho da chuva ao cair pela janela
Que dão ao inferno estupros e cólera
Se liberássemos todos os suicidas das suas dores
Todos os solitários das suas prisões
Em duas noites teríamos flores caindo dos céus
Que o Diabo proteja os suicidas
Pois estes são os únicos
Que compreendem suas dores
- Gerson De Rodrigues