Dos tempos de niilismo
Percorra o destino incerto
Que ilude em sua própria existência
A loucura é a amiga certa
Para vidas em constante decadência
Não existe ascensão
A não ser a dos bens materiais
Não existe razão
Dentro dos abismos colossais
Não existe vida
Nessa eterna amargura
Que sangra em limitada ferida
Sempre que surge uma abertura
O veneno percorre a carne
Na boca adoça o Fel
O absurdo espera que se encarne
Um derradeiro escarcéu
A lucidez é um brinquedo
Que se brinca sem intenção
A lucidez é um medo
De se viver sem a razão
Entre idas e vindas
Entre esse todo vai e vem
A vida é uma mentira
Que faz sentido quando convém
E o tempo tão incompreendido
Exige alguma ação
De quem não entende o espaço
E se perde na razão
O homem louco percebe a incoerência
O homem lúcido reproduz padrões
O homem louco dá valor à existência
O homem lúcido dá valor às ilusões
E a febre disfarça a doença
O corpo quente sente frio
A humanidade é a certeza
De que tudo é um hiperbólico vazio.