Dos tempos de niilismo

Percorra o destino incerto

Que ilude em sua própria existência

A loucura é a amiga certa

Para vidas em constante decadência

Não existe ascensão

A não ser a dos bens materiais

Não existe razão

Dentro dos abismos colossais

Não existe vida

Nessa eterna amargura

Que sangra em limitada ferida

Sempre que surge uma abertura

O veneno percorre a carne

Na boca adoça o Fel

O absurdo espera que se encarne

Um derradeiro escarcéu

A lucidez é um brinquedo

Que se brinca sem intenção

A lucidez é um medo

De se viver sem a razão

Entre idas e vindas

Entre esse todo vai e vem

A vida é uma mentira

Que faz sentido quando convém

E o tempo tão incompreendido

Exige alguma ação

De quem não entende o espaço

E se perde na razão

O homem louco percebe a incoerência

O homem lúcido reproduz padrões

O homem louco dá valor à existência

O homem lúcido dá valor às ilusões

E a febre disfarça a doença

O corpo quente sente frio

A humanidade é a certeza

De que tudo é um hiperbólico vazio.

Gabriel Cordeiro Machado
Enviado por Gabriel Cordeiro Machado em 06/04/2020
Código do texto: T6908876
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