Poéticas & Paranoias
Poéticas & Paranoias
- Eu consigo ver as suas mentiras!
Vocês fedem como ratos presos
Em senzalas
- Não digam que estou louco
Porque eu consigo ver as marionetes
Que os controlam
- Tirem as suas mãos de mim
Como ousam dizer que eu preciso de ajuda?
Eu consigo ver estes olhos de julgamento!
Estas mentiras em cada uma das suas palavras
Estes abraços repugnantes
Repleto de baratas escorrendo pelas suas mãos
Como vocês conseguem dizer que me amam?
Se guardam facas em seus colchões
Esperando pelo dia de apunhalarem pelas costas
Como vocês conseguem dizer que me amam?
Se eu sou o tipo mais repugnante de verme
Que algum dia já rastejou pela terra!
Por favor!
Não digam que estou louco
Não ousem dizer que são as vozes na minha cabeça
Que me fazem acreditar
Na monstruosidade que eu me tornei
Deixem-me gritar!
Deixem-me gritar!
Somente gritando como um lunático
Posso acalmar toda a angustia
Que vive em meu coração!
- Tirem suas mãos de mim!
Não tomarei um único destes malditos remédios
Eles me tornam vulnerável
Fazem com que eu veja
Aquilo que eu tanto tento esconder
- Não percebem?
Não conseguem ver em meus olhos?
Eu só quero um amor verdadeiro
E um pouco de carinho
Talvez um abraço
Quando eu estiver triste
- Mas vocês insistem em dizer
Que eu estou louco
E que há um Diabo vivendo dentro de mim
Deuses e Diabos
São como fantasias descritas por homens
Sem contato com as estrelas
O que vive em mim são angustias
E dores cravadas com sangue
- Tudo que eu quero é acreditar
Que há neste mundo alguém capaz de me amar
Mas uma voz grita enfurecidamente
Dentro da minha cabeça
Dizendo
Que vocês só serão capazes de me amar
Quando as portas do meu caixão
Estiverem cobrindo o meu rosto
Quando os vermes estiverem se alimentando
Dos meus restos podres
Quando aquelas malditas fotografias
Se transformarem em memórias
- Enforquem-me
Seus bastardos
Se a única forma de acabar com a minha dor
É transformando o meu corpo em um templo
De lágrimas e dor
- Então enforquem-me!
Seus bastardos
Mas não chorem quando
Os meus lábios frios
Não puderem retribuir o seu amor
- Gerson De Rodrigues