Poema - Amnesia
Poema - Amnesia
'' Apaguem as minhas memórias!
Levem tudo que eu sei até não me restar nada!
Quero definhar em uma ala psiquiátrica
Até esquecer o meu nome!''
Conheci o universo
Nas labaredas do Inferno
(E não há nada que eu tenha vivido nesta vida)
Que eu gostaria de lembrar na manhã seguinte
Me ajudem a esquecer o Amor
E todas as suas outras mentiras
Superar as angustias e as crises de ansiedade
Até que o pânico e o medo do escuro abandonem o meu corpo
E eu consiga me levantar da cama
Para me enforcar no jardim!
Venderia a minha alma ao Diabo
Para esquecer quem eu sou
Beijaria os pés de Afrodite
Para nascer mais um dia
E esperaria até o anoitecer
Para me enforcar olhando as estrelas
Ah (...)
As estrelas!
Quantas almas já não se enforcaram
Diante do seu brilho?
Quantos amores,
Não foram declarados em noites como essa?
As estrelas são como as Deusas da vida
Elas presenciam o nascimento de uma criança
A junção de dois amores
E o suicídio de almas solitárias...
Para mim só há uma certeza nesta vida
Quero esquecer quem sou
Ou quantas vezes sentamos neste mesmo banco
Desta mesma praça
E fodemos sobre a luz das estrelas
Os seus pézinhos delicados na minha boca
Os seus gemidos na calada da noite
Nunca mais verei a luz dos teus olhos
Ao me encarar após um orgasmo
Enquanto interpretávamos sátiros e ninfas
Em ruas vazias nas noites mais frias
Aquecidos somente pelo calor do nosso corpo
Muitos destes quartos com a luz acesa as três hora da manhã
Eram preenchidos por almas vazias
E um desejo de solidão e suicídio
Não é irônico?
Como hoje sou eu trancado em um destes quartos...
Serei sempre o filho bastardo
Serei sempre aquele com tendências suicidas e crises de pânico
Mas hoje...
Durante esta noite fria olhando as estrelas
Não quero mais ser quem eu sou
Quero esquecer todas as coisas...
Até que as visitas olhem para mim com pena
E digam (...)
- Eu sinto a sua falta, mas já não sei mais quem você é
Apaguem as minhas memórias!
Levem tudo que eu sei até não me restar nada!
Quero definhar em uma ala psiquiátrica
Até esquecer o meu nome!
- Gerson De Rodrigues