[Retratos]

Quando penso,

Nos retratos frios,

Moldurados por

Força de estática.

Presos nas paredes postas,

Adornando o cômodo vazio,

Refletindo o abismo que habita

Nas coisas que também somos.

Nada mais do que margens,

Contornando um rosto ilha

E criando um horizonte

Pela sua própria horizontalidade.

Diz o perímetro,

Que escraviza a homenagem,

Por uma distância traçada,

Territorializada na própria função.

Se o prego o crucifica,

É necessário expor o corpo,

Ainda que seja apenas rosto,

Roto de olhares inglórios.

A simetria faz a harmonia,

Atraindo a atenção dos olhos,

O alvo que acena para o dardo,

Esperando o fim da visão para

Realizar sua contradição.

A morte é assim,

Estática.

O retrato é assim,

Estético.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 04/11/2019
Reeditado em 04/11/2019
Código do texto: T6786951
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