[Retratos]
Quando penso,
Nos retratos frios,
Moldurados por
Força de estática.
Presos nas paredes postas,
Adornando o cômodo vazio,
Refletindo o abismo que habita
Nas coisas que também somos.
Nada mais do que margens,
Contornando um rosto ilha
E criando um horizonte
Pela sua própria horizontalidade.
Diz o perímetro,
Que escraviza a homenagem,
Por uma distância traçada,
Territorializada na própria função.
Se o prego o crucifica,
É necessário expor o corpo,
Ainda que seja apenas rosto,
Roto de olhares inglórios.
A simetria faz a harmonia,
Atraindo a atenção dos olhos,
O alvo que acena para o dardo,
Esperando o fim da visão para
Realizar sua contradição.
A morte é assim,
Estática.
O retrato é assim,
Estético.