Poema – Desejos de um homem Impuro
Poema – Desejos de um homem Impuro
Eu sou o Deus da podridão
e das baratas
Os pórcos fazem orgia
sobre o meu cadáver
Odeio-me como um lunático
odeia os seus medicamentos
Suplico a todos os deuses
deixem-me ser o próximo messias
de um testamento de ódio e luxúria
Dos arrependimentos que eu
colecionei em vida
o que mais me assombra
é aquele que eu guardo no afago do meu coração
E o que eu deveria fazer?
concertar todos os meus erros?
Pedir perdão a um deus
pelo qual eu não acredito?
Dizer eu te amo
para um amor que feriu os meus sonhos?
Direi apenas
que sufraguem em seus corações
O ódio que sentirão de mim
quando me encontrarem em seus pesadelos
mais terríveis
Sim!
isso!
digam que eu sou um doente!
Um lunático cuja as
faculdades mentais
deterioraram-se com o tempo
Gritem!
em suas igrejas
que eu preciso de salvação
Enquanto os seus filhos
veem até mim suplicando
por uma gota do meu sangue
Para que possam escrever
em seus quartos escuros
poesias malditas
que jamais diriam aos seus pais
Ainda não perceberam?
se eu estou calado
é porque na minha mente
eu já me enforquei mil vezes!
E se eu ainda estou vivo
é porque das mil vezes
em nenhuma delas a dor foi embora;
O meu vício em sexo
é o resultado de um pacto
que eu fiz com o diabo
No dia do meu nascimento
em meio a uma orgia de bruxas e padres
Aqueles que me deram a vida
me entregaram em seu nome
Amaldiçoado com a depressão
perseguido pela ansiedade
e um escravo da solidão
Eu me tornei o filho bastardo
de uma mulher que se suicidou
para não ver o seu filho nascer.
Estou completamente perdido
em decisões que eu não consigo tomar
Medos que eu não consigo enfrentar
e um desejo suicida que não me deixa dormir
Por favor
suplico a cada um de vocês
Me ajudem a sufragar
estes desejos impuros
que fazem de mim um homem doente...
- Gerson De Rodrigues