Poema – Ansiedade
Poema – Ansiedade
‘’ Dentro de mim
Vive uma criança suicida
Todas as noites ela se enforca
Nos meus pesadelos mais hostis
Eu tento escondê-la
Sufragando-a na minha alma
Mas as suas cicatrizes
Transbordam pelos meus olhos ‘’
Nas masmorras de sangue
que permeiam a minha vida
há uma escuridão sublime
Nelas encontram-se todos os meus sonhos
selados por bruxas e demônios
Que em canções antigas
transformam a minha sanidade
em um mar de decepções e derrotas
Eu deveria confrontá-los
queima-los nas chamas do meu próprio inferno
e com as cinzas
desenhar pentagramas em solo sagrado
Mas eu não consigo me mover
a escuridão tomou conta dos meus sentidos
sinto as trevas rasgando as minhas entranhas
Quem sou eu?
senão o filho do nada
e o herdeiro de todas as coisas
Sinto-me inseguro em meio aos vermes
vejo a multidão passando por mim
Eu sou apenas mais um?
ou são todos iguais?
Fugi acorrentado e com medo
e na minha própria prisão
encontrei uma criança morta
fedendo a sangue e enxofre
Em seus pés haviam
uma carta de suicídio
‘’ Me entreguei a solidão
Porque encontrei sem seus olhos
Verdades que nunca deveriam ser ditas’’
Sentei ao seu lado e chorei
e lágrimas de dor
Há um homem mal que vive
dentro da minha mente
foi ele quem me trancou aqui
Ele diz que eu não sou capaz de fugir
e que todos lá fora me odeiam
Eu olho através das janelas
e vejo os vermes sorrindo
Eles estão todos felizes
enquanto eu estou aqui
transformando a minha lucidez
em insanidade
Passaram-se dias
a fome rasga o meu estomago
Eu irei me alimentar dos restos podres
daquela criança que eu mesmo matei
A sua carne tem o gosto de sonhos
que eu nunca irei viver...
Há uma chave
em meio as suas entranhas
Finalmente hoje eu conseguirei fugir!
‘’ Dentro de mim
vive uma criança suicida
Todas as noites ela se enforca
nos meus pesadelos mais hostis
eu tento esconde-la
sufragando-a na minha alma
Mas as suas cicatrizes
transbordam pelos meus olhos’’
- Gerson De Rodrigues