Poema – Cristo
Poema – Cristo
‘’ - Eu sou um homem doente!
feridas nasceram na minha alma
e lágrimas de sangue
escorreram pelo meu rosto
Salvem-me da doença
de existir
atirem pedras
contra o meu corpo nu!’’
Como vocês conseguem viver!?
sabendo que somos todos doentes
Não deveríamos!?
matar uns aos outros
E proclamar mentiras
para nos proteger das angustias
Deveríamos todos estar apavorados
estarrecidos!
como nômades presos em um vendaval
- Como vocês conseguem viver?
sabendo que são escravos e senhores
da sua própria condenação divina
- Não ouviram os boatos?
daquele homem louco
que enforcou os seus quatro filhos
para salvá-los da dor
- Não estão escutando?
essas vozes em suas cabeças
dizendo que somos todos miseráveis
Afastem de mim!
o seu Niilismo
ou a sua vã filosofia
Já não me importam
os Deuses ou os homens
Afastem de mim as ciências
e as respostas da vida
Ainda que me oferecessem
o universo e as estrelas
eu não demonstraria um só sorriso
Suicídio!?
O que eu faria com
uma corda em meu pescoço?
Que vocês já não
me tenham feito em vida
Como vocês conseguem sorrir!?
sendo que há crianças mortas
caminhando ao seu lado
Como vocês conseguem rezar!?
sendo que o seu Deus
as assistiu morrendo de fome
Por favor!
não dobrem os seus joelhos!
Não estão vendo!?
que os mortos fizeram o mesmo
Tirem suas mãos de mim!
eu juro que não estou louco
O homem preso naquela cruz
partiu rumo a um universo
Aonde os homens
não dobram os seus joelhos
para genocidas e fanáticos!
Como assim?
vocês conseguem senti-lo
em seus corações
Não estariam vocês
dobrando os joelhos
para falsos profetas?
Tirem de mim
essas camisas de força
E matem!
ordeno que matem!
aquele homem queimando
as florestas e matando os animais
Como assim!?
ele é o seu líder...
Afastem de mim...
estes medicamentos (...)
Prometo que não
direi aos Deuses
Que os seus filhos
tornaram-se escravos...
- Gerson De Rodrigues