MINHA LOUCURA

I

Era um impuro;

Era nascente;

Na corrente do destino triunfante;

Porém, ausente da pureza e da impureza;

Sacro-santo, virgem homem...

Que nasceu morreu puro;

Tornou-se o imaculado

Impuro que foi parido;

Por um dia.

II

Não bata na minha porta aberta;

És destino incerto;

Não tens coragem de me ver;

Assustador homem que o vejo;

Só queres possuir-me;

Na minha imagem retorcida;

Porque não aceitas o tudo que é o vento;

No movimento de dança;

Mãos! Pés! Corpo!

Por seres a névoa em vento;

Dilúvio de morte, fome!

III

Sou o esquecido corpo que cai;

Do baixo para o alto;

Ao ver-me de cabeça para baixo;

Em pernas para o ar;

Em risos que calam os que falam;

Minha janela não escuta;

Minha porta não bate;

És morte, medo, angústia, dor;

Sofrimento, passado, futuro, represente;

Eu sei, sou, vejo, medo!

IV

Não tenho medo do escuridão;

Isolar-me, não é me afastar...

Apenas vejo quem sou;

O louco que mergulha;

Na aurora boreal;

Pelo mal sem mau;

Em bem de tão bom;

Quero apenas dormir nesta noite

V

Nego! espelho quando não me vejo

Vejo-te, reflexo eu...

E sim, espalho-me em cacos

Onde reconstruo-me

Sem ter medo

De viver

Assim...

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 09/08/2019
Reeditado em 21/08/2019
Código do texto: T6715889
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