MINHA LOUCURA
I
Era um impuro;
Era nascente;
Na corrente do destino triunfante;
Porém, ausente da pureza e da impureza;
Sacro-santo, virgem homem...
Que nasceu morreu puro;
Tornou-se o imaculado
Impuro que foi parido;
Por um dia.
II
Não bata na minha porta aberta;
És destino incerto;
Não tens coragem de me ver;
Assustador homem que o vejo;
Só queres possuir-me;
Na minha imagem retorcida;
Porque não aceitas o tudo que é o vento;
No movimento de dança;
Mãos! Pés! Corpo!
Por seres a névoa em vento;
Dilúvio de morte, fome!
III
Sou o esquecido corpo que cai;
Do baixo para o alto;
Ao ver-me de cabeça para baixo;
Em pernas para o ar;
Em risos que calam os que falam;
Minha janela não escuta;
Minha porta não bate;
És morte, medo, angústia, dor;
Sofrimento, passado, futuro, represente;
Eu sei, sou, vejo, medo!
IV
Não tenho medo do escuridão;
Isolar-me, não é me afastar...
Apenas vejo quem sou;
O louco que mergulha;
Na aurora boreal;
Pelo mal sem mau;
Em bem de tão bom;
Quero apenas dormir nesta noite
V
Nego! espelho quando não me vejo
Vejo-te, reflexo eu...
E sim, espalho-me em cacos
Onde reconstruo-me
Sem ter medo
De viver
Assim...