Poema – CAPS
Poema – CAPS
Na ala psiquiátrica
eu sou apenas mais um
com sonhos inertes em camisas de força
e dores escondidas em uma demonstração de apatia
Os suicidas escondem-se em salas negras
gritos de desespero ecoam por todo o corredor
Os homens de branco
querem salvar a minha alma
envenenando a minha mente
com remédios que nunca dariam aos seus filhos
Sentado em silencio
olhando em seus olhos
eles me perguntam o que estou sentindo
Andando de um lado para o outro
não consigo me expressar
Como eu poderia explicar a minha dor?
para um homem que nunca
colocou uma corda em seu pescoço
Mais um dia se passou
e eu permaneci em silencio
As visitas dizem
que tudo isso é para o meu bem
palavras de amor manchadas com pena
Há uma corrente em meus pés
que me impede de fugir
eu poderia removê-la e correr
em direção ao sol
Mas tudo isso é para o meu bem...
Deitado em uma sala vazia
em meio ao vômito
de um homem que se matou noite passada
Eu me aqueço com um cobertor
velho manchado de sangue
Noites solitárias e desejos suicidas
uma dor que não sei como explicar
Os homens de branco
vieram me visitar mais uma vez
me enchendo de remédios
dizendo que tudo isso
era para o meu bem
Estou encarando as paredes
não consigo sentir nada
- Por que eu estou em silencio!?
enquanto há vozes na minha mente
- Por que não há lágrimas em meus olhos?
enquanto existe dor em meu coração
- O que fizeram comigo?
talvez tudo isso seja para o meu bem...
Sentado em uma cadeira de rodas
eu não sei quantos anos se passaram
Restaram-me apenas as memórias
dos amores que eu vivi
do sonhos que eu sonhei
Mas aqui nesta cadeira de rodas
na ala psiquiátrica
eu sou apenas mais um
com sonhos inertes em camisas de força
e dores escondidas em uma demonstração de apatia
- Gerson De Rodrigues