VALSA NEGRA
Na lama negra mergulhado estou;
Caminhos escuro faz-me bailar como uma partida d'alma;
Danço ao som do grilos, corujas, sapos, uivos...
Como é bom escutar o violino que flama e inflama;
Ouvidos de cristal, lampejos, tique-taque!
Vestido de pedra turmalina com rendas de organdi, quê fazer?
Lardeadas badaladas do ronco da trombeta num sol maior;
Estou no lago arrodeado por árvores, pinheiros, flores de cactos...
Sou a liberdade obscura do bailar em corpos o resplendor do adeus;
Loucura insana do pensar em ir pelos caminhos de giz;
Voltar pelas idas, observar colinas, montanhas, serras...
Fugir no grito, de amor, dor! solidão! pranto!
Quão feliz estou na valsa das nuvens negras circundando-me;
Sou e estou na aurora não boreal, sentir!
Ah, minh'alma nasce do nascente louco de ser e ter-se;
No infinito amor eterno amor.