Uma Dor
É dor,
Ela está lá,
Persistindo,
Nosso câncer comum.
Habita cada um,
Naquela particularidade,
Somos sempre únicos na dor,
Mas também nos aproximamos por ela.
A felicidade é egoísta,
Já a dor busca uma companhia,
Ela é presença que quer outra presença,
Aquele desejo pela falta, já que sendo é agonia.
Vive a vida com intensidade,
Fazendo o tempo ser eterno
No instante em que começa a sofrer,
Alastrando um rastro de sabedoria.
O aprendizado de quem agoniza,
Que quando não perece,
Fica com aquela memória aflitiva,
Gritando como um eco de desespero.
Pendular, ela vai e ela volta,
No ritmo de uma ato intempestivo,
Arrancando lascas e sulcando expressões,
Num descaminhar aflitivo que busca cessar.
Parando os passos do flagelo,
O hálito do quarto cavaleiro
Assopra o abismo em nossa cara,
Gritando o último resto de gesto.
Não é vergonha chorar,
Já que o pranto complementa,
Liquefazendo o horror sentido,
Derramando-se em purgatório.
Toda tormenta é intransponível,
Restando aos que sobrevivem,
A esperança de milagre ou a
Redenção do humilde sobrevivente.