Uma Dor

É dor,

Ela está lá,

Persistindo,

Nosso câncer comum.

Habita cada um,

Naquela particularidade,

Somos sempre únicos na dor,

Mas também nos aproximamos por ela.

A felicidade é egoísta,

Já a dor busca uma companhia,

Ela é presença que quer outra presença,

Aquele desejo pela falta, já que sendo é agonia.

Vive a vida com intensidade,

Fazendo o tempo ser eterno

No instante em que começa a sofrer,

Alastrando um rastro de sabedoria.

O aprendizado de quem agoniza,

Que quando não perece,

Fica com aquela memória aflitiva,

Gritando como um eco de desespero.

Pendular, ela vai e ela volta,

No ritmo de uma ato intempestivo,

Arrancando lascas e sulcando expressões,

Num descaminhar aflitivo que busca cessar.

Parando os passos do flagelo,

O hálito do quarto cavaleiro

Assopra o abismo em nossa cara,

Gritando o último resto de gesto.

Não é vergonha chorar,

Já que o pranto complementa,

Liquefazendo o horror sentido,

Derramando-se em purgatório.

Toda tormenta é intransponível,

Restando aos que sobrevivem,

A esperança de milagre ou a

Redenção do humilde sobrevivente.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 04/03/2019
Código do texto: T6589662
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