Onda
A onde quebra
A margem da curva,
A luta da lua que
A maré se entrega.
Os verbos em verso,
Ostentando máximas,
Os próprios nomes
Os fizeram interrogar.
No prato de fome,
No limbo vazio,
Nossa dúvida corre
Nos arredores da borda.
Cada vez mais,
Casas se atrofiam,
Casando destinos
Catastroficamente díspares.
O olho ciclópico
Observa de perto,
Ocaso das vistas,
Ondas de retina.
Um mesmo outro,
Outrora se desunificou,
Desnudo de agoras,
Agourando esse deus nulo.
É certo que a certeza,
É incerta na sua essência,
É clara até a transparência,
É gema de puras impurezas.
Se sabe que o saber sai
Satisfeito com seu ser sem
Saborear suave sal que se
Secreta ao suar o soro do sortilégio.
Sente a arrebentação e se quebre,
Na beirada do parapeito do porto
Inseguro do mar revolto que é sua
Dívida perante o absurdo da existência.
Quantas contas no rosário das conchas
É possível contar ao banhar-se na espuma
Que estoura o champanhe de Poseidon,
Fazendo uma reza diária na beira da praia.
Vidro que é a vida estilhaçada,
Em cacos de cascos apodrecidos,
Anunciando a maresia cigana,
Profetizando o fim da matéria dos vivos.
Que horas marca o horizonte,
Com sua linha reta de ponteiro exato,
Dizendo que é sempre um meio dia,
Rasgando a vista com seu firmamento.
Piscadas fotografam a paisagem,
Até que a janela da visão se volta pra si,
Fazendo de ti uma vista perdida no olhar
Do mundo que te capta como um velho verdugo.