Onda

A onde quebra

A margem da curva,

A luta da lua que

A maré se entrega.

Os verbos em verso,

Ostentando máximas,

Os próprios nomes

Os fizeram interrogar.

No prato de fome,

No limbo vazio,

Nossa dúvida corre

Nos arredores da borda.

Cada vez mais,

Casas se atrofiam,

Casando destinos

Catastroficamente díspares.

O olho ciclópico

Observa de perto,

Ocaso das vistas,

Ondas de retina.

Um mesmo outro,

Outrora se desunificou,

Desnudo de agoras,

Agourando esse deus nulo.

É certo que a certeza,

É incerta na sua essência,

É clara até a transparência,

É gema de puras impurezas.

Se sabe que o saber sai

Satisfeito com seu ser sem

Saborear suave sal que se

Secreta ao suar o soro do sortilégio.

Sente a arrebentação e se quebre,

Na beirada do parapeito do porto

Inseguro do mar revolto que é sua

Dívida perante o absurdo da existência.

Quantas contas no rosário das conchas

É possível contar ao banhar-se na espuma

Que estoura o champanhe de Poseidon,

Fazendo uma reza diária na beira da praia.

Vidro que é a vida estilhaçada,

Em cacos de cascos apodrecidos,

Anunciando a maresia cigana,

Profetizando o fim da matéria dos vivos.

Que horas marca o horizonte,

Com sua linha reta de ponteiro exato,

Dizendo que é sempre um meio dia,

Rasgando a vista com seu firmamento.

Piscadas fotografam a paisagem,

Até que a janela da visão se volta pra si,

Fazendo de ti uma vista perdida no olhar

Do mundo que te capta como um velho verdugo.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 08/01/2019
Código do texto: T6546296
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.