Barcos de Papel
Os barcos de papel são os mais incríveis. Pois é por eles que navegamos nos sonhos mais leves, pelas sarjetas transbordantes, a ponto de tocar de leve os obstáculos contornando-os, sem agressividade. Um balé que segue as águas, ainda que sejam águas de vento, pelo simples sopro de lábios macios e pulmões rígidos. Origami aprendido pela criança que se deixa levar, no acompanhamento de esperanças bem-vindas, não se magoando com a despedida, já que sabe que o destino da embarcação é não voltar. Cada pedido será um destino, fins infinitos de quem deseja sonhar. Folha comprimida que vela ao velejar. O mar é imenso e o timoneiro só quer naufragar. Se é rio o riso que faz a corrente levar, só rio. Tormentas dissipam ao vê-lo passar. Águas doces de Iemanjá, eis o maná. Façamos os barcos e deixemos flutuar, sob o sol ou luar.