Pelas Chuvas

Pelas chuvas da cidade,

Deslizei.

Cada gota de lágrima,

Que escorre na face-rosto,

Num suspiro úmido,

Abrindo e fechando poros,

Como se fossem válvulas,

Escapando meu ser.

Que ser?

Despejando momentos,

No fundo raso das poças,

Salpicadas na carne flácida,

Que enruga ao encharcar-se.

Rotina aquosa que no lodo

Dos recônditos mais escuros,

Faz a alma se lavar,

Despedida de si, de ti, de mim.

Como se todo gozo fosse orgasmo,

Passo num lapso de qualquer,

Qual quer me diluir nesse fosso,

Esculpindo algo sem forma,

Desesperançado nos ralos,

Engolfado pelo esgoto afetivo,

Naufragando no sereno frágil,

Orvalhando o Éden,

Que já nasceu corrompido.

Um isso e nada mais que isso.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 27/12/2018
Código do texto: T6536974
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