O Canto da Fala

O canto da fala,

Que voa e ataca,

Na fronte defronte,

Que cala e apaga.

Em memória viva,

Que no tempo estala,

Esboçando migalhas,

Há quem diga que é

[nada.

Vai para longe bem perto,

No vir-a-vir de desertos,

Palavra imigrante, sem teto,

Engasga como fel indigesto.

Na toca que toca arrepios,

Dilúvios de verbos transitivos,

Roubando passos e sentidos,

Parece uma busca de um só

[sentido.

Quedas e quebras,

Arte não concreta,

Incompleta à espera,

Suspensa entre frestas.

Quem é você que fala?

Com esses gestos vazios,

Cheio de não me toques,

Destino de morte sem a própria

[sorte.

Te como pelos ouvidos,

Gemidos de ingratidão,

Musgos roído em ruídos,

Desramificando abismos.

Faz brotar a violeta da violência...

Vítima vitrine [...]

Quanto mais nasço menos me faço,

Sou fácil, fato, falo, flácido,

Desfaço.

Sendo um passo de cada vez,

Quantos passos eu serei?

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 28/11/2018
Código do texto: T6514331
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