O Canto da Fala
O canto da fala,
Que voa e ataca,
Na fronte defronte,
Que cala e apaga.
Em memória viva,
Que no tempo estala,
Esboçando migalhas,
Há quem diga que é
[nada.
Vai para longe bem perto,
No vir-a-vir de desertos,
Palavra imigrante, sem teto,
Engasga como fel indigesto.
Na toca que toca arrepios,
Dilúvios de verbos transitivos,
Roubando passos e sentidos,
Parece uma busca de um só
[sentido.
Quedas e quebras,
Arte não concreta,
Incompleta à espera,
Suspensa entre frestas.
Quem é você que fala?
Com esses gestos vazios,
Cheio de não me toques,
Destino de morte sem a própria
[sorte.
Te como pelos ouvidos,
Gemidos de ingratidão,
Musgos roído em ruídos,
Desramificando abismos.
Faz brotar a violeta da violência...
Vítima vitrine [...]
Quanto mais nasço menos me faço,
Sou fácil, fato, falo, flácido,
Desfaço.
Sendo um passo de cada vez,
Quantos passos eu serei?