Você não está só.
Não te estranhes.
Tua loucura arranha
a garganta alheia.
É a fissura de estranhos
que pautam a falta
de coragem pra viver
sua própria doçura,
amargando a vida dos outros.
O fel lhe desce bem
e o pigarro não decepciona.
Gozo garantido de outrem
que a vida estaciona.
Estaciona na melhor vaga,
ainda que seja dupla.
Sua jornada é a dos outros.
Como trabalhar sem a manopla,
sem proteger suas mãos,
sem estancar o sangue,
sem lavar os rejuntes
dos ladrilhos assentados
nos porões de uma nação?
O fel não rumina bem.
É o cigarro que dá fama
Gozo perdido sem ninguém
para deitar em sua cama.
Aproveita a melhor hora,
ou faz-se de louca
e não te estranhes.
Porque a loucura te ama.
Faz tentarem te conter.
Eles são aranhas de teias
em todos os cantos.
E suas pautas são a falta
de coragem pra viver
sua própria doçura.