APOCALIPSE NOW
À uma hora do derradeiro fim,
O bazar liquidava produtos impróprios
Sinais de trânsito mantinham a rotina
Moradores de rua se ficavam em casa.
A trinta minutos do caótico apocalipse
Garis corriam com lixo sobre os ombros
Uma garoa mestiça pairava raivosa
Garotas profissionais faziam programas.
Faltando dez minutos para o caos definitivo
Um rádio velho, surdo; tocava um jazz.
O ar rarefeito, seco, sério, chumbeado
Seres vivos se viam mutar em zumbis.
E tudo se fez breu
Ausência de sentidos.
Sinto muito, fogo choveu
Jaz o planeta esvaecido.
(Gustavo Drummond)