(Co)lpaso

Um lapso estruturalizante.

Das veias abertas um fluxo,

Refluxo mudo do absurdo,

Sem eixo, nem eira e nem beira,

Abismo que fala em rimas de eco.

A boca cala e mata a palavra,

Agonizando monossílabos suspirados,

Pluma de pelos despetalados da epiderme,

Feito verme que rasteja pelos poros impuros.

Um sopro de vento que faz tremer,

Terremoto de flacidez tectônica,

Escorre em languidez pragmática,

Deslize de eróticos declives.

Mergulha em superfície,

Navegando o raso,

Mar de marasmo,

Arrebentando na costa óssea.

Calçando o mármore tumular,

Pisoteando o deserto vítreo,

Sombras de luminosidade invertida,

Resto de restas bruxuleando no horizonte.

Estátua estratificada em camadas de gente,

Quase coisa,

Se não fosse um nada,

Respirando intervalos de momentos ausentes.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 05/02/2018
Reeditado em 05/02/2018
Código do texto: T6245998
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