Horas

Horas que batem,

Invadem o despertar,

Das manhãs escuras,

Das nuvens abertas,

Feito putas arreganhadas.

Não se enganem,

O último uivo,

Dos cães domesticados,

Soando em altas,

Badaladas da balada em fúria.

Servindo de sejas,

Os convidados vidrados,

Estagnados na sarjeta,

Respingados de cacos de vidro,

Numa triste aurora de tons vazios.

Vadios pivetes de quepes,

De sombra que sobre o olho,

Sobrolho de cílios perdidos,

São moscas de vômito vítreo,

Cuspidas na cara do emaranhado de fios.

As putas que os pariu,

Descontentes com sorrisos postiços,

Balangam as dentaduras trincadas,

Ranhuras de arcadas dentárias,

No esmalte esquálido desse Malevich sem brios.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 05/06/2017
Código do texto: T6019281
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