Tempo de Tédio

Tempo morto? — Não!

Uma estática,

Que deprime a ação,

Calculada numismática.

Desacelera os ritmos,

Matando a expectativa,

Num badalar de sinos,

Afogado em dura anomalia.

Embriaguez de sentidos,

Nunca derrama em catarse,

O pensamento líquido,

Corroendo toda a sanidade.

Alvoroço de ideias repetidas,

Conflito quase não percebido,

Fúria de presente idolatria,

Esmagada no colapso do suspiro.

Salta sem mover os pés,

Apalpando as dores secretas,

Anamnese deprimente de viés,

Estrangulando tortas vértebras.

Crime de suicídio talvez,

Pecando por seu ceticismo,

Questiona o deus que o homem fez,

Na fé cristalizada em mutismo.

Livro que se rasga,

Desperta a pétala

Da página marcada,

Será sempre um menos

[em etc.

Cor opaca de hospital,

Vomita o cinza no umbral,

Faz do braile um motivo,

Serpenteia em dedos mínimos.

Quebra falanges ao tecer,

O ritmo datilografado em fado,

Dançando antes do amanhecer,

Aniquilado no próprio rito sabático.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 16/12/2016
Código do texto: T5855103
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.