Metrópole
Jamais imaginei,
Sobre a grama verde,
O asfalto quente,
Derretendo em deleite.
A fuga de cada máquina,
Atropelando animais inocentes.
— Ninguém é inocente!!!!
Mesmo sob tiros de automáticas.
Carregando corpos de crianças,
Ainda mais vivas e já banhadas,
No sangue da pobreza que é herança,
Dos que vivem nessa macabra dança.
Todo dia é dia de luto,
Nas sarjetas de cães vira-latas,
Com alcoólatras cambaleando,
Escorados na agonia do mundo.
Um brinde às descargas,
Fazendo sumir o nojo,
Ainda que reste o aroma,
Denunciando a cagada.
A fome fomenta a morte,
Num teatro de desiguais,
Na roleta tentam a sorte,
Enquanto o tempo corre.
Tropeçando no próprio embaraço,
De braços perdidos no espaço,
Alcançando a fé dos milionários,
Com a boca arrebentada a cada passo.
Cante a música do crack,
Fodendo uma vida fodida.
Baseando-se no baseado,
Arraste sua dor e se siga.
Abominando o olhar cego,
Tateando as órbitas aflitas,
Como se fosse um duelo,
Em que o Édipo morreria.
Foda-se Kierkegaard e sua agonia!!!!!!!!!!!!!