Metrópole

Jamais imaginei,

Sobre a grama verde,

O asfalto quente,

Derretendo em deleite.

A fuga de cada máquina,

Atropelando animais inocentes.

— Ninguém é inocente!!!!

Mesmo sob tiros de automáticas.

Carregando corpos de crianças,

Ainda mais vivas e já banhadas,

No sangue da pobreza que é herança,

Dos que vivem nessa macabra dança.

Todo dia é dia de luto,

Nas sarjetas de cães vira-latas,

Com alcoólatras cambaleando,

Escorados na agonia do mundo.

Um brinde às descargas,

Fazendo sumir o nojo,

Ainda que reste o aroma,

Denunciando a cagada.

A fome fomenta a morte,

Num teatro de desiguais,

Na roleta tentam a sorte,

Enquanto o tempo corre.

Tropeçando no próprio embaraço,

De braços perdidos no espaço,

Alcançando a fé dos milionários,

Com a boca arrebentada a cada passo.

Cante a música do crack,

Fodendo uma vida fodida.

Baseando-se no baseado,

Arraste sua dor e se siga.

Abominando o olhar cego,

Tateando as órbitas aflitas,

Como se fosse um duelo,

Em que o Édipo morreria.

Foda-se Kierkegaard e sua agonia!!!!!!!!!!!!!

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 24/10/2016
Código do texto: T5801792
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