Morro
Morro ou não morro?
Não sei por que morrer.
Só me resta perecer,
Nessa ilusão de cada dia,
Tanto faz viver ou não viver.
Morro que sobe e desce,
No íngreme sentido,
Que te faz pular,
Para o fundo do precipício.
Morto cada vez mais grave,
Tropeçando em gente dividida,
Contando cada segundo,
Na ditadura das idades.
Cada vez mais,
Morro contigo,
Até nunca mais
Importar com isso.
Os ventos uivantes,
Daquele morro travestido,
Com lua ciclope
E árvore de umbigo.
Morro só de pensar
Naquele vazio frio,
No quente dos teus braços.
Morno morto cheio de mofo.
Movo a ideia por nada,
Despenteando o cérebro,
Com nuvens de madrugada,
Sopradas no fim do meu inverno.