Lado de fora da janela

Eu sigo um pedaço perdido,

Esquecido mal caminho,

Amor que não me convirá!

Sentimento louco e mutável...

Dias me atrai!

Dias me repulsa!

Imã com vontade própria,

Motivos de uma total embriaguez

Se confundem na lucidez do sonho...

Quando comemoro sozinha,

Com uma taça de vinho.

Festa que nunca existirá,

Choro de emoção...

Mesmo sem conseguir ver Sofia!

Mesmo sem ver seus longos cabelos,

Nem mesmo um arroxeado fio de relance.

Ou o tímido olhar e, na pele alva,

Sardas...

Em pensar num poema

Onde nada se liga,

Vejo as árvores do jardim

Que pela janela balançam com o vento,

Movimento calmo e sufocante, transe.

Sob o céu azul turquesa,

Sobre um terra macia...

Flores e roseiras com rosas cor de sangue.

O automóvel barulhento!

Porta metálica que se fecha!

Barulho seco e gritante de som!

Acorda-me da "bucolidade"!

Clamores de uma criança por sua mãe!

Sonoras conversas de um vizinho nervoso!

Portão de casa que range...

Rangido este que vem há anos,

Ninguém nunca se preocupou em concertar.

Nunca...

Borboleta amarela pousa sem preocupações,

Enquanto um pássaro voa até seu ninho,

Alimenta seus filhotes e volta!

Decola, então, na busca incansável por comida.

Tudo isso de uma janela.

Janela de madeira e cinza.

Sabrina Vieira
Enviado por Sabrina Vieira em 07/07/2007
Reeditado em 06/10/2012
Código do texto: T555993
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