Atmosfera

Atento a cada mudança,

O clima dos desesperados,

Matizes de uma matança,

Libertando doces enjaulados.

Cada lugar que treme,

Um abalo de lustres,

Na língua que geme,

O sussurro de abutres.

Escapando nas entrelinhas,

Escorrendo no gozo esporrado,

Salpicando estrelinhas,

De uma constelação de castrados.

Os golpes da faca,

Na carne invagina,

Movimento que abraça,

Fazendo da morte anistia.

Trôpegos gatilhos enferrujados,

Rangendo de passo em passo,

Corroendo as fibras do espaço,

Repelindo aconchegantes regaços.

Na dúvida de rasas diatribes,

O relevo faz rolar as convicções,

Despenca conceitos em declives,

Ensurdecendo ante das orações.

Grita forte até arrancar os dentes,

Pendurando a língua no céu da boca,

Mastigando os lábios dormentes,

Engasgando com o sangue que escoa.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 17/10/2015
Código do texto: T5417799
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