Desfato
Das comiserações pecuniárias,
O olhar vidrado sifrãocionado,
No intercâmbio das perdulárias
Proles avolumadas feito ratos.
O chicote chilreando midiático,
Elucubrações apáticas nas redes,
Ariadne enforcando-se no pátio
Onde Dionísio chora várias vezes.
Vara esse varão fálicocêntrico,
Escorrendo o vinho menstruado,
Morte daquele fator polissêmico,
Num luto que é velado e prostrado.
Quase qualquer queda que nos quebra,
Racha os princípios tradicionalíssimos,
Amontoando cores na aquarela esparrela,
Arco-íris sutil que nos leva direto ao vazio.
Essa nesga nega a fatia fina do miserável,
Graficamente a estatística estanque,
Fossiliza a tragédia com números memoráveis,
Olhando um assujeitado cada vez mais distante.
São tantos quantos pontos imaginamos retaliar,
A reta é o que nos resta quando queremos um caminho,
O pé vacila diante do curvilíneo serpentear,
Desdobrando o corpo cadavérico em perfeito desalinho.
Pisco o pingo solto que desaba do telhado molhado,
A chuva seca numa evaporação de sauna sódica,
Cheiro de mato umedecido é tempero do serrado,
Paisagem de nuvens poucas em que a lua pende torta.
Olho o rosto raso no corpo gasto com poucos traços,
Marejando a terra que o vento atiça e o sol castiga,
Contando os gestos como se fossem soltos pedaços,
Restando impressa aquela angústia nunca esquecida.
Trato...
Trato de novo...
Um retrato.