Retratos

Reta que traço trai,

Traça que come o fim,

Nas gotas um se distrai,

Contornando o eu de mim.

Quase cato e caio,

Atravessando as linhas,

Uma pauta em soslaio,

Duplicado ponto de vírgula.

Minuto de tempo segundo,

Correndo na corredeira estrábica,

Nuvem imunda muda o mundo,

Lances desenlaçam a forma cármica.

Sento e sinto, logo fico,

Fitando as ondas sem esperança,

Lembrança de um cisco,

Ciscando um jongo que encanta.

Virado ao avesso vibro,

Cordial nas cordas estendidas,

Abro a boca e fecho o livro,

Enveredando em cordéis cantigas.

Vaso vasto varre o vale,

Tudo muda na espessura,

Nó dei, agora nada cabe,

Fórceps na mente-fissura.

Lastro barroco do morro,

Cantando loas para as favelas,

Viela solta pede socorro,

Abrigada na margem da régua.

Vai velhaco ventrílouco,

Deus ex machina não mais,

Um alemão deu o veredito,

Jehovah morto! Aqui jaz!

Deixa a criança brincar.

Sério que o tédio é néscio?

[Ciranda, peãozinho, vão com todos não rezar,

Mãos ao alto isso é assalto, bala perdida vai encontrar.]

O anel que tu me destes...

…se suicidou de um prédio.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 27/04/2015
Código do texto: T5222496
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