Descarga

No fluxo refluxo,

O amplexo sem nexo,

Uso do abuso,

Vomitar epilético.

Nauseabundo imundo,

Salpicando gritos,

No azulejo de fungos,

Escuto perdigotos gemidos.

Um vale não vale nada,

Buraco de um hiato ingrato,

Beijo que é úmida fala,

Trava de um retrato espasmo.

Se fode engole e cospe,

Ruminando os rumos,

Ramos de pigarro tosse,

Escarrando gástricos sucos.

Se o substrato é mato,

Pasto com fome herbívora,

Acordo meio boi meio vácuo,

A língua estala um tanto frívola.

Peço e rezo pro néscio,

Profético patético cigano,

Perdido entre prédios,

Minúsculo rosto profano.

A burca burla as feições,

Olhos fendidos atestam,

Ver é segregar seleções,

Misantropos se detestam.

Fogo em palha calha jogo,

Mesmice de pinguejar,

Tesão no teso desnudo corpo,

Salta a vírgula ao linguejar.

Pétalas de pés sem talas,

Soltas ao vento lento,

Mundo de sem graça risada,

Cada ser é um não ser momento.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 12/04/2015
Código do texto: T5204208
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