Mundo Próprio
Instantes derradeiros nesse quarto à meia-luz
Faces harmônicas há muito esquecidas,
figurantes eternas em meus delírios.
Saudades sucumbidas em meio às loucuras
Posto de lado pelas mãos coerentes do Destino
Da janela, apenas as ruas em triste movimento
Dos meus olhos, visões embaraçadas e inúteis
Resquícios dos sorrisos antigos ainda residem aqui,
porém, tornam-se indiferentes a mim, indistinguíveis,
nesse cenário confuso no qual estou.
Retratos empoeirados dispersos pela cômoda
Sensações revitalizantes a cada olhar
Dedos que deslizam contentes sobre tais objetos
Juntamente com as lágrimas conhecidas.
O dia se desfaz e agrava a situação
A noite traz a essência do desespero
Não há subterfúgio! Não há a quem recorrer!
Vivo atormentado nesse mundo incompreensível.
Profiro certas palavras frente ao espelho
Dialogo com o meu pálido reflexo.
Sem conseguir qualquer entendimento,
grito alucinado por minutos duradouros.
Não há respostas vindas de canto algum
Em qual mundo estou nesse exato momento?
Aqui o vazio chega a ser palpável!
Qual o critério estabelecido para habitar essas ruínas?
Apenas digo que não baixarei o escudo e lança!
Atravesso as paredes rígidas do meu imaginário
Corro por entre monstros vorazes e mortais
Crio forças pouco prováveis em tal situação,
e saio ileso mais uma vez deste combate abstrato.
Volto à cena com os raios solares sobre a têmpora
Convicto de que venderei caro a minha partida
Enquanto houver certezas norteando o raciocínio
Serei como um exército pronto para a guerra.
Alexsandro Menegueli