Lar Burlesco
Nas almofadas de marfim,
O cheiro de porra seca,
Cão com dentes de mastim,
Mordiscando terra seca.
Escarrada boca aberta,
Gozando do gozo escorrido,
Língua de sabor exegeta,
Provando a hóstia da libido.
Abre-se a florestas de pelos pubianos,
Avassalador vento luciferianista,
Vórtice flamingo de salgado pranto,
Lutando no dedilhar do nato pianista.
Devaneio desvendado em desvio,
Cada curva abrupta derruba a cura,
Nada mais serve ao servo indeciso,
Cativo vivendo na inóspita rua crua.
Lança o peito a boca do tesão,
Que chupa, mama e geme,
Formas possíveis de uma ereção,
Coisa exclusiva de gente.
Gestos são restos de protestos,
Movimentos de nuas falas,
Despedidas de misantropo resto,
Escalando o fosso em tapas.
Engasgando com sêmen,
Golfando espermatozóides,
Passado que não se arrepende,
Primitiva aquosa celulose.
As mãos não farão mais rezas,
Senão tocarem santas punhetas,
Mundo de personagens indigestas,
Repetindo aquela mesma vinheta.
Clichê de modismos arruinados,
Retrato polimorfo que despedaça,
Abraçado por braços se sovacos,
Canta a ópera da vagina desgraça.
Sobra a estupidez salvadora,
Redentora das causas perdidas,
Flertando como puta impostora,
No asco ingrato da desmedida.