O LOUCO.

Fazia micagem

Desafiava instigando

Em gesto obsceno

Falavas bobagens

Com caras e boca

Quando imitava

Um menino pequeno.

Provocava os moços

Vaiava os velhos

Dizia com falas

Em desatino.

Dormia o louco

Em meio os escombros

Escondia assustado

De baixo às ruínas

Assim residia

E se escondia

Sobre o telhado

Já velho e quebrado

Da casa da esquina.

Cansado estava

De tanta investida

Pobre sujeito

Que triste sina.

Há vezes em sono

Ou acordado

Falavas ouvia

Batendo pestanas

Deitado enrolado

Em grande lamento.

Em trapos exposto

Jogado ao vento

Em noites geladas

Assim o dormia.

Sofria em gemidos

Chorava em lamentos.

Feridas em sangue

Seu corpo febril

Chagas em dores

Causava agonia

Em volta ao fogo

Ardendo em chamas

De braços cruzados

Vibrava e tremia.

Sofrendo chorava

O pobre demente

Um homem insano

Sentia se preso

Acorrentado

Em desespero.

Há vezes gania

Parecia latido

Mas parecia

cachorro sem dono.

Coitado do louco

Cantava e dançava

Neste seu mundo

Tão desigual

Que vida vazia

Que grande abandono.

(antonio herrero portilho)

Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 26/02/2015
Reeditado em 06/07/2017
Código do texto: T5150509
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