Presos Sem Fuga

Longe... Muito longe me destinava a seguir, cujos caminhos incertos trilhava sem expectativa de retorno. Levava comigo: as mágoas, roupas sujas e conversas negras. Chorei a cada passo no inteiro abandono. Haviam muitas ruas desertas e empoeiradas. Lixos expostos. Pessoas cabisbaixas sem autoestima nas almas. Casas com luzes apagadas em pleno natal! Crianças tristes afundadas em terríveis traumas.

Perplexos e desesperados, moradores jogados no caos total. Religiosos em descrença.Tudo se foi num precário verão. Sopros sem limites de ventos tão fortes. Enchentes nos rios. Pescas escassas em meio à desunião. As noites eram piores ainda. Tristeza impregnada onde os meus olhos passavam. Canteiros destruídos. Vândalos sem perspectivas. Árvores sucumbindo em agonias... Surradas e apáticas. Água do mar poluída. Peixes mortos à deriva.

Tintura dos pequenos barcos descascados, encostados nas rochas duras e perfeitamente estáveis. Madeiras podres e antigas. Decadência na imagem que era sinônimo de pescas consideráveis

Golfinhos que pulavam por toda a orla já não existem! Foram-se sem deixar ao mínimo pequenos rastros. Navios gigantescos e imponentes que davam vida ao enigmático horizonte, transformaram-se em carcaça, sobrando somente seus velhos mastros.

Terra estranha onde tudo desaparece em minutos sorrateiros. Decadência a todo instante. Aflorar do desconforto. Sorrisos amarelos e beleza esquecida Espécimes extintas. Monumentos destruídos. Mar revolto. Dias sempre nublados e noites silenciosas Esperança desarmada abaixo de uma imensa cruz

Marcas de sangue por onde as vistas percorrem. Refúgio sem teto. Presos a um mundo sem luz...

Alexsandro Menegueli Ferreira- 29/11/2002