Pedaços

No cortes re cortes,

O vai e vem coisal,

Fotografia da sorte,

Reflexo do abismal.

Cada parte é um traste,

Largado em porções,

Pendurado nas hastes,

Gangorra de separações.

No lado que desenlaça,

A dança de cordas soltas,

Gritando até trincar a taça,

Vinho escorrendo em poças.

Contraste desse mesmo,

Frente e verso do absurdo,

Moeda que gira no desespero,

Batizada nesse esgoto imundo.

Coroando o rei sem trono,

Desequilibrado trapezista,

Veleja por esquecidos sonhos,

Suspirando engasgos de euforia.

Despedaçando os traços,

Grafite no puro descompasso,

Redesenhando passos,

Perante a fuga dos não encontrados.

Explodem construções,

Agredindo a ruptura,

Arquiteturando gerações,

Expectativa de futura usura.

Rasgando o véu dos céus,

Transbordando nuvens rotas,

Tudo despenca na cerda do pincel,

Aquarela de música que ignora notas.

A vitrola roda o disco,

A agulha cortas as faixas,

É preciso ter esquecido,

Já que a vida é uma farsa.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 21/02/2015
Código do texto: T5145307
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