Pedaços
No cortes re cortes,
O vai e vem coisal,
Fotografia da sorte,
Reflexo do abismal.
Cada parte é um traste,
Largado em porções,
Pendurado nas hastes,
Gangorra de separações.
No lado que desenlaça,
A dança de cordas soltas,
Gritando até trincar a taça,
Vinho escorrendo em poças.
Contraste desse mesmo,
Frente e verso do absurdo,
Moeda que gira no desespero,
Batizada nesse esgoto imundo.
Coroando o rei sem trono,
Desequilibrado trapezista,
Veleja por esquecidos sonhos,
Suspirando engasgos de euforia.
Despedaçando os traços,
Grafite no puro descompasso,
Redesenhando passos,
Perante a fuga dos não encontrados.
Explodem construções,
Agredindo a ruptura,
Arquiteturando gerações,
Expectativa de futura usura.
Rasgando o véu dos céus,
Transbordando nuvens rotas,
Tudo despenca na cerda do pincel,
Aquarela de música que ignora notas.
A vitrola roda o disco,
A agulha cortas as faixas,
É preciso ter esquecido,
Já que a vida é uma farsa.