Em Cadernados

Nas listas lisas,

O passar ligeiro,

Várias vidas,

Saídas do tinteiro.

As penas sem pena,

Riscam a lauda em falta,

Escritor com dilemas,

Pondo ponto nas pautas.

A mercê de um final,

Justificado em meios,

Na geometria genial,

Percorrendo trejeitos.

Luzes como avestruzes,

Enterradas nas escuras letras,

Cemitério de novas cruzes,

Enterrando o pensar na sarjeta.

Campos e mais campos,

Na infrutífera gramática,

Recurso de tantos,

Fossilizado nas gráficas.

Repete-se o repetismo,

Na exaustão da redundância,

Como um certo despotismo,

Degradando vãs esperanças.

Grafite que se esvai,

Na fuligem de marcas,

Impressões digitais,

Assinaturas esporádicas.

Berço de fetos puídos,

Cheio de traças famintas,

Vociferando surdos gemidos,

No desespero do que desanima.

Diário exposto,

Alcance raso,

Doce desgosto,

Gosto amargo.

Fica o resto pútrido,

Decorando a paisagem,

Num paraíso lúdico,

Composto de falsidades.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 04/02/2015
Código do texto: T5125921
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.