Paredes

Arranhando as jaulas de pedra,

No desespero dos dedos fendidos,

O tempo paralisado em heras,

Um musgo de motivo ressentidos.

Cada forma se deforma,

Sombras de espíritos zombeteiros,

Passos em móveis plataformas,

Desenhando um novo rastro de medo.

Uivando para o sol do meio-dia,

Lobo diurno que queima em brasa,

Mente que do vazio se apropria,

Enforcando moscas em velhas casas.

A teia de aranha nos sapatos,

Revelam os ninhos rasteiros,

No ópio da opinião de ingratos,

Novos corpos exalam mau cheiro.

Cadeados abertos sem serventia,

Pendurados feito frutos podres,

Aguardam em congelada valentia,

Nunca desabrocham estas flores.

Mostra de uma arte vadia,

Cadafalso de futilidades,

Palco da moderna epifania,

Pesadelo de curiosidades.

Retalhos de um mapa amarrotado,

Pendurado no varal de nuvens chuvosas,

Escorrendo as margens do retrato,

Invasão de perigosas periferias rugosas.

Fecham-se as batidas em cofre,

Cubo de estações fossilizadas,

Pode durar pra sempre uma morte,

Cada instante a eternidade contada.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 13/01/2015
Código do texto: T5100892
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