Rastro
Nas pegadas pegajosas,
O lodo de passos-lobos,
Uivando ruas pedregosas,
Um caminhar de esgoto.
Cada pé é uma história,
Contando diversos trajetos,
Na dúvida de memórias,
Marcando o solo em decreto.
Nuvens de poeira batida,
São a neblina do deserto,
O pisar que vira uma briga,
Caminhante de muitos tetos.
Cada ranhura é um dilema,
Deixando pistas aos curiosos,
Serpenteando problemas,
Mapeando o mundo dos mortos.
Realidade em destroços,
Fragmentada existência,
Reciclagem de corpos,
Arqueológica coexistência.
O compasso das pernas risca,
Arrisca entrelaçando membros,
Andarilho que se faz artista,
O livro dos dias vai escrevendo.
Construindo o seu rastro,
Apagado no fim do seu tempo,
Servindo no futuro como pasto,
Saboreado como parco momento.