Rastro

Nas pegadas pegajosas,

O lodo de passos-lobos,

Uivando ruas pedregosas,

Um caminhar de esgoto.

Cada pé é uma história,

Contando diversos trajetos,

Na dúvida de memórias,

Marcando o solo em decreto.

Nuvens de poeira batida,

São a neblina do deserto,

O pisar que vira uma briga,

Caminhante de muitos tetos.

Cada ranhura é um dilema,

Deixando pistas aos curiosos,

Serpenteando problemas,

Mapeando o mundo dos mortos.

Realidade em destroços,

Fragmentada existência,

Reciclagem de corpos,

Arqueológica coexistência.

O compasso das pernas risca,

Arrisca entrelaçando membros,

Andarilho que se faz artista,

O livro dos dias vai escrevendo.

Construindo o seu rastro,

Apagado no fim do seu tempo,

Servindo no futuro como pasto,

Saboreado como parco momento.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 05/01/2015
Código do texto: T5091590
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