Letras Brancas
No papel branco,
A escrita visível,
Invisível no pranto,
De um olho risível.
Pautas entrelaçadas,
Teias de aranhas caligráficas,
Tecendo margens estáticas,
Nessa maçonaria estrábica.
Com tornos de grafite,
Redescobrindo margens,
A ponta que ali agride,
Hieroglíficas mensagens.
O toque em braile,
Revela a sinuosidade,
Mágico desgaste,
Atrito de porosidade.
Rio que verte na lauda,
Inundando o verso,
Ritmando a cada pausa,
Num delírio léxico.
Ares de inspiração,
Não passam de plágio,
Grossa encadernação,
Bíblia dos libertários.
Sol na aurora de textos,
Engolindo em treva luminosa,
Ideias presas em cabresto,
Em uma digestão duvidosa.
Altar alvo onde sacrificam,
Expressões lapidadas em obelisco,
Poesia que alguns identificam,
Fonte labiríntica de esconderijos.
Gravuras gráficas gravitam,
Cada porcelana de celulose,
Milímetro a milímetro habitam,
Naquele misto de vida e morte.