Através

Nas frestas de restas,

Figuras contornam o vazio,

Ser humano em parcela.

Distante forma em desafio.

Desafiantes fantasmas,

Povoam o limbo metropolitano,

Flutuando em miasmas,

Regurgitando versos profanos.

Talmude decadente,

Encenando sacralidades,

Arrancando os dentes,

Dessa boca de falsidades.

Lentes sobrepostas visionárias,

Alcançam o máximo do micro,

Plantando flores mortuárias,

No canteiro de mortos-vivos.

Alambrados enforcam culpas,

Expondo em arame farpado,

Fissuras que na guerra são rugas,

Marcando a fronte dos culpados.

Pás enterram olhos aterrados,

Perfurando o solo rústico,

Massacrando túmulos espoliados,

Deteriorando a ideia de um futuro.

Surdos gemidos ecoam,

Propagando a agonia do silêncio,

Reprimindo os que roubam

A inocência do aleijado movimento.

Peles são roupas deixadas,

Após o esfolamento calado,

Vestindo portas fechadas,

Cobrindo o crime anunciado.

A fumaça da névoa é brisa rubra,

Manchando de sangue em vapor,

Criando uma aurora que menstrua,

Matando o crepúsculo com sua dor.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 20/12/2014
Código do texto: T5076130
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