Através
Nas frestas de restas,
Figuras contornam o vazio,
Ser humano em parcela.
Distante forma em desafio.
Desafiantes fantasmas,
Povoam o limbo metropolitano,
Flutuando em miasmas,
Regurgitando versos profanos.
Talmude decadente,
Encenando sacralidades,
Arrancando os dentes,
Dessa boca de falsidades.
Lentes sobrepostas visionárias,
Alcançam o máximo do micro,
Plantando flores mortuárias,
No canteiro de mortos-vivos.
Alambrados enforcam culpas,
Expondo em arame farpado,
Fissuras que na guerra são rugas,
Marcando a fronte dos culpados.
Pás enterram olhos aterrados,
Perfurando o solo rústico,
Massacrando túmulos espoliados,
Deteriorando a ideia de um futuro.
Surdos gemidos ecoam,
Propagando a agonia do silêncio,
Reprimindo os que roubam
A inocência do aleijado movimento.
Peles são roupas deixadas,
Após o esfolamento calado,
Vestindo portas fechadas,
Cobrindo o crime anunciado.
A fumaça da névoa é brisa rubra,
Manchando de sangue em vapor,
Criando uma aurora que menstrua,
Matando o crepúsculo com sua dor.