Palco
No palco da tua face,
Vi lágrimas interpretarem,
Um suor com classe,
Deslizando em desenlace.
Qual brilho no olhar,
Anuviantes sobrancelhas,
Pálpebras para cortinar,
Orvalho que é farta centelha.
A boca quase um sorriso,
Expondo paredes dentadas,
Tragédia e alegria num misto
De expressões sedimentadas.
Leio cada ruga,
Cartografia em epiderme,
Hidrografia difusa,
Velejando no teu cerne.
Relendo a carta da sua cara,
Em pequenos trechos de prosa,
Conspurcando a massa,
Forjando uma rústica glosa.
Mechas são folhagem,
Na selvageria da máscara,
Lambendo a colagem,
Que desprega da lástima.
Osculantes gracejos,
Simpatizam falsidades,
Estilizando manejos,
Da dramatúrgica arte.