Palco

No palco da tua face,

Vi lágrimas interpretarem,

Um suor com classe,

Deslizando em desenlace.

Qual brilho no olhar,

Anuviantes sobrancelhas,

Pálpebras para cortinar,

Orvalho que é farta centelha.

A boca quase um sorriso,

Expondo paredes dentadas,

Tragédia e alegria num misto

De expressões sedimentadas.

Leio cada ruga,

Cartografia em epiderme,

Hidrografia difusa,

Velejando no teu cerne.

Relendo a carta da sua cara,

Em pequenos trechos de prosa,

Conspurcando a massa,

Forjando uma rústica glosa.

Mechas são folhagem,

Na selvageria da máscara,

Lambendo a colagem,

Que desprega da lástima.

Osculantes gracejos,

Simpatizam falsidades,

Estilizando manejos,

Da dramatúrgica arte.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 16/12/2014
Código do texto: T5071998
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