Lapsos
Cai a linha,
Suicida dependurada,
Varal que se esvazia,
Flácida murada.
Rostos desfeitos em máscaras,
Na epopéia de gritos horrendos,
Colecionando pequenas desgraças,
Numa série de toscos sofrimentos.
A lua nada sabe sobre a noite,
Farol que guia navegantes da penumbra,
Nuvens de cavalos dando coice,
Engolidas por uma escuridão em fúria.
Vaga-lumes apagados,
Luzes de natal sem sentido,
Cada passo é um rito sagrado,
Pegadas são sopros gemidos.
Coro de engrenagens,
Rangendo músculos,
Meticulosas dosagens,
Enxertando absurdos.
A fonte seca na garganta,
Sufocando a língua ingrata,
O carrasco colhe o que planta,
Rega o solo com vítima imolada.
Regras rolam escadas,
Fazendo juízes tropeçarem,
Tapeçaria de escalas,
Com índices de hospedagem.
Palcos tristes de espaços
Preenchidos por hiatos,
A resistência dos traços,
Teatraliza porta-retratos.
Cordel que enforca sílabas,
Laço que se afrouxa nas vogais,
Retesando consoantes cítricas,
Na lírica de corrupções vocais.
No final a brisa passa,
Restando esse nada perplexo,
O mundo é uma faca,
Cortando nossa garganta pelos plexos.