Lapsos

Cai a linha,

Suicida dependurada,

Varal que se esvazia,

Flácida murada.

Rostos desfeitos em máscaras,

Na epopéia de gritos horrendos,

Colecionando pequenas desgraças,

Numa série de toscos sofrimentos.

A lua nada sabe sobre a noite,

Farol que guia navegantes da penumbra,

Nuvens de cavalos dando coice,

Engolidas por uma escuridão em fúria.

Vaga-lumes apagados,

Luzes de natal sem sentido,

Cada passo é um rito sagrado,

Pegadas são sopros gemidos.

Coro de engrenagens,

Rangendo músculos,

Meticulosas dosagens,

Enxertando absurdos.

A fonte seca na garganta,

Sufocando a língua ingrata,

O carrasco colhe o que planta,

Rega o solo com vítima imolada.

Regras rolam escadas,

Fazendo juízes tropeçarem,

Tapeçaria de escalas,

Com índices de hospedagem.

Palcos tristes de espaços

Preenchidos por hiatos,

A resistência dos traços,

Teatraliza porta-retratos.

Cordel que enforca sílabas,

Laço que se afrouxa nas vogais,

Retesando consoantes cítricas,

Na lírica de corrupções vocais.

No final a brisa passa,

Restando esse nada perplexo,

O mundo é uma faca,

Cortando nossa garganta pelos plexos.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 16/12/2014
Código do texto: T5070946
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.