Folia

No baile de máscaras,

Olhares tristes,

Destroçadas cabaças,

Largadas em crise.

Olhos defuntos,

Com órbitas vazias,

Caem sobre muros,

Desabados um dia.

O colo mostra o bico dos seios,

Faltando a boca que ali se alimentaria,

O medo provoca intensos desejos,

Desnudando a pele em pura feitiçaria.

Caprichos em fantasias,

Dão o toque de arte,

Nesse mundo sem magia,

Aguardando a novidade.

Sonhos entrelaçados em crochê,

Novelo desenrolado por negros gatos,

Tudo que é matéria parece derreter,

Fogueira de vaidades servida em pratos.

Lupas aumentam os poros,

Vendo dançar os ácaros,

Na expressão dos corpos,

Como sombras em um pátio.

Logrados os descarnados,

Ensopados de sangue,

Desfilam mal trajados,

Presos em urbanos mangues.

Tenebrosos membros podados,

Acumulados próximo a calçadas.

Vulvas, clitóris, escrotos e falos,

Castrados com golpes de enxada.

Crianças rastejam na sarjeta,

Imunda inocência que apodrece,

Com mãos sujas de gorjeta,

Olhar de súplica de quem padece.

Livros picados com tesouras,

Refogando um picadinho insosso,

Mau gosto de gente louca,

Calamidade que alivia o povo.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 06/12/2014
Código do texto: T5060793
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