Aceno

Um aceno co-seno,

Risca à risca,

Ignorando sensos,

Entortando linhas.

Abraços de braços abertos,

Envolvem o corpo que vou ver,

Volvendo ventos libertos,

Na volatilização de um derreter.

Despencando em pencas,

Desmoronando morais,

Agridoce agressivo,

Oscilantes cílios mortais.

Engatinhando engatilhado,

Armando o próximo ato,

Retrógrado retrato,

Lascando pedaço a pedaço.

O preço do apreço,

Medido em metas,

Um fim de começo,

Suspenso em arestas.

Tudo se anula com a lua,

Que avança mansa,

Feito um farol em luta,

Que anda feito onça.

Perdizes perdidas,

Despenadas dão pena,

Quase esquecidas,

Cabisbaixas em cena.

Crucificando cruzes cruzadas,

Encruzilhadas de ilhas-caminhos,

Consciências de ciência alugada,

Sufocadas no foco do sustenido.

Desprezível degelo de dejetos,

Escorrem no lodo desgostoso,

Diluindo a matéria dos objetos,

Poça do mais profundo poço.

Lagartixas largadas,

Despregam dos tetos,

Suas partes cortadas,

Mexem entre os restos.

Retos retorcidos,

Impedidos de defecar,

Guardando detritos,

Merda que não vai gerar.

A possibilidade de passos,

Passa pelas pegadas apegadas,

Hieróglifos de espaços,

Fôrmas de formas segregadas.

O animal anima as emoções,

Feroz devorador de voadores,

Cruza o mar de areia dos sertões,

Insaciável sede de dores e sabores.

Vejo o sol solar a sola dos sapatos,

Com pisadas de pistas flutuantes,

Num passado de pasmos pastos,

Fluindo em uma poeira rastejante.

Calando os calos esmagados,

Magos volumes que eclodem,

Lumes que perfuram estacados,

Cascos que rejeitam os calçados.

Resta o ponto que é final,

Conclusivo e convulsivo,

Como um silvo residual,

Ápice do escarro cínico.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 30/11/2014
Código do texto: T5053375
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