Antes Tardes
Arrancaria os olhos,
Se a terra não só comer,
Um Édipo sem propósito,
Com sina de só se foder.
Penso, logo, minto.
Dilemas do homem moderno,
Despojado de seus sentidos,
Enterrado trajando belos ternos.
A culpa é sempre do cu,
Já que fazemos merdas,
Buscando lógica e luz,
Vivendo farsas e trevas.
O apedrejamento das mães,
Condena de antemão os fetos,
Na mecânica das tradições,
Vagando sem eira, beira e teto.
Quantos cemitérios abrem jazigos,
Nos peitos castigados de enfermos,
Já que a lama de contidos detritos,
Espirra na face de podres detentos.
Apagando o compasso torto,
Que nenhum Grande Arquiteto utiliza,
Com linhas mal traçadas em jogo,
Numa arte que engole o próprio artista.
O céu desaba em nuvens pesadas,
Caindo em trovões ritmados,
São deuses em poderosas passadas,
Esmagando os sensíveis ouvidos.
Peneirando membros decepados,
Extraindo o sumo sanguinolento,
Em chuva púrpura de enforcados,
Pingando gota a gota em buracos.
Bocas porosas vampíricas,
Sugam o néctar moribundo,
Ávidas pelas respostas cínicas,
Verborrágicas que falam mudas.
No fim, apenas arrepios,
Escalando o dorso esfolado,
Trilhando ossos corrompidos,
No suicídio dos esfoliados.