Cordas Soltas
Dependurados fantoches,
Enforcados em cadarços,
Seus sorrisos de deboche,
Em caras de porta-retrato.
A língua para fora,
Sai da fenda na garganta,
Uma gravata morta,
Na ironia mais profana.
Pés flutuando sobre o chão,
Intocáveis corpos suspensos,
Pêndulos de eterna exaustão,
Torcendo os rígidos membros.
Formigas escalando as pernas,
Vermes despencando dos lábios,
Uma lenta e fascinante tragédia,
Fazendo da dor um lindo hábito.
Na ternura da carne morta,
Apodrecendo em gente viva,
Onde a faca é que consola,
Degolando com lâmina limpa.
Uma Rapunzel de pelos raspados,
Chora lágrimas de sangue,
Rasgando a pele em retalhos,
Fazendo esquecer o próprio nome.
O corvo bica seus olhos,
Enquanto observa o céu,
Sentindo tremer os ossos,
Exibe feridas como troféu.
Não existe mais horas,
Já que o agora está morto,
Restam apenas histórias,
Traços lançados no esgoto.