Escândalo

Esta boca aberta,

Quase engole a vida,

Faz sinal de alerta,

No momento que grita.

O pasmo passivo,

Que eclode na face,

Traços em mito,

Rugas sem novidade.

Na barreira dos dentes,

A máscara bizarra,

Faz a risada insurgente,

Modelando a cara.

Uma voz foge,

Amargando o hálito,

Quase é tosse,

Soluço por puro hábito.

O silêncio massacrado,

Mastigado e engolido,

Prévio gosto escarrado,

Enjoo idiota e fictício.

Engasgo de plasma,

Tuberculoso faminto,

A respiração de asma,

Olhos de brilho vítreo.

Soando a úvula,

Badalando vogais,

Boca de vulva,

Mistérios bucais.

Síndrome do eu falado,

Arrotando sílabas,

No formato degenerado,

Agitando cada rima.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 20/11/2014
Código do texto: T5042887
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