Tela Suja

Dos desencontros fatos,

As linhas distorcidas,

No emaranhado de falos,

Esporrantes suicidas.

A poça do teu asco,

Me engole em tragos,

Na cadência de arcos,

Dilacerando em cacos.

Vejo quase a sombra,

Dessa penumbra nula,

A palidez que tomba,

Uma cadavérica mula.

Nos pregos que as pregas empregam.

Mergulho de tripas,

Serpenteando desejos,

Um objeto se fixa,

Maltrapilho de espelhos.

Órbitas ocas de inverno,

Sede que cede ao sedentário,

Doce gosto de inferno,

Mastigando o próprio hálito.

O céu da boca não tem anjos,

Apenas uma arcada desdentada,

Espirros são lamentos profanos,

Máscaras com lendas trancadas.

Mata-borrão de almas,

Assoprando abismos,

Somando as suas faltas,

Prazer de fetichismo.

Invaginadas vaginas vagam em voga.

A tinta fresca é meu pasto,

Ruminando sexo estuprado,

Rasgando o véu que traço,

Cerzindo uns frouxos laços.

É teia de microfibras,

Ornamentando luxúrias,

E o último ato homicida,

Salpica lágrimas sujas.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 16/11/2014
Código do texto: T5036843
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