Falsos Dragões

No voo escarlate,

O zênite rompido,

Um parto-desastre,

Em pingos gemidos.

Com a boca-cigarra,

Cantando estridências,

Amontoando as falas,

Vozes em reticências.

Bolhas pesadas de fuligem,

Esmagam o homem-inseto,

Não há peste que indique,

A cura do ingrato mistério.

Cada antecipação de foice,

Decapita mentes conturbadas,

Como se nunca houvesse hoje,

Por conta de poses costuradas.

Pegando pegadas na lama,

Salpicando possibilidades,

Flutuando sobre o drama,

Resgatando as novidades.

Perseguindo percevejos perversos,

Amontoando moscas mortas,

As palmas das mãos um cemitério,

Arrancando as asas sem rota.

Os cadernos sendo descarnados,

Espalhados ao sabor dos ventos,

Na fuga de inúteis parágrafos,

Abertos à ditadura dos tempos.

Cada resta é uma fresta do que resta,

Fotografando um momento pasmo,

Riso contido de uma trágica comédia,

Desconstrução da represa em riachos.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 06/11/2014
Código do texto: T5025936
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