Relógio Parado

Naquela desfunção,

Demonstra sua sina,

Mera decoração,

Enfeito que desanima.

Mas é rígido,

De ponteiros viris,

Aponta o ritmo,

Do que não tem fim.

Os braços estendidos,

Faltam os badalos ouvidos,

Seca história de repetidos,

Lançando as setas de trilho.

Caladas as trombetas,

Que outrora rugiam,

Uma vida na sarjeta,

Mantida onde fugiam.

Pombos fazem seu poleiro,

Vislumbrando a cidade,

Tudo em volta é um canteiro,

Sem nenhuma novidade.

É o repouso dos eternos,

Findado ainda em vida,

Esquecido por ser certo,

Com cadeias de mentira.

Dependurado em desperdício,

Despencando pequenas partes,

Pode ser considerado suicídio,

Fita o que não mais lhe cabe.

Ponto de referência,

Marginal das nuances,

Frígida inocência,

Força de rima destoante.

Caem os céus em seus braços,

Na lamentação das memórias,

Pelos magros versos diários,

Na exaltação de parca história.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 05/11/2014
Código do texto: T5024754
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